Uma das sociedades de oncologia mais influentes do mundo, a ASCO, exorta médicos a orientarem sobre os efeitos negativos que o consumo tem sobre a doença.
O uso de álcool, seja leve, moderado ou pesado, está associado ao aumento do risco de vários tipos de câncer, incluindo os da mama, do cólon, do esôfago, e da cabeça e do pescoço. É assim que começa um informe de evidências sobre o uso de álcool e câncer de uma das sociedades de oncologia mais influentes no mundo, a American Society of Clinical Oncology (ASCO).
A orientação, divulgada essa semana, é importante porque coloca o álcool como um fator de risco definitivo para o câncer, de forma indireta ou indireta. Diretamente, a ASCO cita que cerca de 6% das mortes no mundo estão associadas diretamente ao consumo de álcool. Ainda, segundo a entidade, não só o consumo pode levar ao câncer, mas também ele afeta negativamente o tratamento.
“As pessoas geralmente não associam beber cerveja, vinho e licor com o aumento do risco de desenvolver câncer em suas vidas”, disse Bruce Johnson, presidente da ASCO, em nota. “No entanto, a ligação entre o aumento do consumo de álcool e o câncer está muito bem estabelecida”, diz. O estudo aponta que o etanol danifica o DNA de células saudáveis, o que pode fazer com que elas cresçam desordenadamente, provocando tumores. Também o acetaldeído – produto da digestão do álcool – contribui para essa influência negativa do álcool no genoma.
No caso de mulheres, o álcool também contribui para o aumento da quantidade de estrógeno no corpo – o que é um fator de risco para câncer de útero, ovário e mama. “Isso é particularmente importante para mulheres adeptas de tratamento hormonal na menopausa”, diz a ASCO.
O consumo de álcool também prejudica a absorção de vitaminas no corpo e leva ao aumento de peso, fatores também associados a uma maior chance de desenvolver câncer. Em pesquisa sobre a percepção do americano sobre o câncer, a entidade mostrou que apenas 38% deles estavam limitando sua ingestão de álcool como forma de reduzir seu risco de câncer. No Brasil, pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) mostrou que o brasileiro desconhece fatores de risco comuns: como a obesidade, o uso do cigarro e doenças sexualmente transmissíveis.O relatório da ASCO também publicou diretrizes para contribuir para a diminuição do consumo de álcool:
Limitar a venda em alguns horários e dias;
Aumentar os impostos e o preço;
Fiscalizar a aplicação da lei que proíbe a venda a menores de 18 anos;
Restringir a exposição dos jovens à publicidade de bebidas alcoólicas;
Incluir estratégias de controle de álcool em planos abrangentes de controle de câncer.
Por fim, a entidade também pediu o desencorajamento de que indústrias de bebidas se engajem em campanhas de prevenção contra o câncer – como, por exemplo, o Outubro rosa — “já que o consumo de bebida está associado a um risco aumentado do câncer, principalmente o de mama”, disse a entidade.Fonte: g1.globo.com