O tratamento do câncer em tempos de pandemia de Covid-19

imagem-destaque-covid19Os tempos atuais têm sido desafiadores para pacientes com câncer e para aqueles que buscam um diagnóstico de doença. Desde o início da pandemia, segundo estágio das Sociedades Brasileiras de Patologia e Cirurgia Oncológica, mais de 50 milhões de brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer.

Já a Sociedade Brasileira de Mastologia alerta para alguns hospitais públicos do país com pacientes em tratamento de neoplasia mamária. Segundo levantamento realizado em centros hospitalares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas principais capitais, há poucos casos de tratamento de mulheres, nos meses de março e abril, esteve em média, 75% abaixo, em comparação ao mesmo período do período ano passado.

Uma pandemia de Covid-19 e a ausência de informações precisas sobre propagação e ação de vírus levaram a um cenário de cancelamento de procedimentos que não são urgentes e recusa de pacientes com outras doenças ou sintomas em pesquisas clínicas e hospitais por medo de novo coronavírus.

Ainda não se sabe quando será atingido o pico de contaminação no país e ainda persistem dúvidas sobre o tempo de duração da pandemia, uma expectativa de que em três meses após o declínio de casos. Contudo, esperar todo esse tempo pode implicar um risco alto para os pacientes oncológicos.

A realização da mamografia de rastreamento é um fator preocupante, já que o exame está suspenso em muitas regiões e as unidades básicas não estão encaminhando para hospitais. A interrupção deste serviço neste período significa que um atraso no diagnóstico pode aumentar o número de tumores no estágio avançado.

Neste sentido, os médicos europeus publicaram um artigo que alerta para “efeito de distração”, segundo ou qual gravidade de Covid-19 atrai atenção, levando ao esquecimento da importância de manter o tratamento contra o câncer. Assim, atuando numa guerra com duas “frentes”, o mastologista / oncologista não pode deixar de combater o câncer neste momento.

Adicionalmente, além do risco de diagnóstico de tumores no estágio mais avançado, pode haver uma segunda consequência da suspensão de atividades e ataques, ou o impacto na capacidade de atendimento. Clínicas e hospitais podem ter dificuldades em lidar com um aumento de demanda após uma pandemia. Dessa forma, o entendimento dos profissionais de saúde e especialistas em câncer é que deve voltar à normalidade ou quanto antes, dentro do possível.

Para viabilizar a recuperação de medicamentos, cirurgias e outros testes, uma Sociedade Brasileira de Mastologia elaborou um documento que faz uma série de recomendações para mastologistas e hospitais para separar como áreas de atendimento para pacientes com suspeita de Covid-19 dos demais e , assim, garantir a segurança dos procedimentos quando necessário.
Estudo concluído que não existe risco maior de morte para pacientes em quimioterapia

Uma notícia bastante positiva foi anunciada em um estudo publicado na revista científica The Lancet em 28 de maio de 2020.

Uma equipe do Projeto de Monitoramento de Coronavírus e Câncer do Reino Unido (UKCCMP), em relação à mortalidade por Covid-19 em pacientes portadores câncer durante quimioterapia ou outros tratamentos antitumorais, afirma que não foram encontrados efeitos causados pela mortalidade por doenças Covid-19 em pacientes oncológicos que foram submetidos recentemente a tratamento.

O estudo publicado foi realizado com 800 pacientes e teve o risco de morte associado apenas à idade avançada e presença de outras comorbidades, como hipertensão e doenças cardiovasculares.

Antes, suspeitava-se que indivíduos com câncer, especialmente aqueles que estão recebendo tratamentos quimioterápicos, possuíam um risco aumentado de morte por Covid-19, muito embora não houvesse estudos e análises representativas nesse sentido.

Assim, o estudo do UKCCMP traz tranqüilidade para os profissionais de oncologia e pacientes para que possam continuar a executar procedimentos e usar durante o período de crise na saúde, usar os desdobramentos ainda mais dramáticos, que extrapolam os mais penosos e que causam essa pandemia. É necessário e urgente adaptar os serviços de saúde para que sejam retomados pelos empreendimentos suspensos.

 

FONTE – Revista Veja /Letra de Médico