O Julho Verde é mês de conscientização sobre o Câncer de Cabeça e Pescoço. Em 2018, a estimativa do Instituto Nacional de Combate ao Câncer (Inca) era de que 31.980 novos casos de câncer deste tipo seriam registrados no Brasil.
A estimativa separa a doença por tipo: 14.700 novos casos de câncer de cavidade oral, outros 9.610 de tireoide e 7.670 de laringe. Destinado à conscientização e combate da doença, o Julho Verde busca disseminar informações de prevenção e detecção para o público geral e os profissionais de saúde.

O câncer de cabeça e pescoço é o segundo mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de próstata. Na maior parte dos casos, está associado ao tabagismo e ao alcoolismo, afetando principalmente pacientes acima dos 60 anos. Se combinado ao consumo de álcool, o cigarro aumenta em dez vezes as chances de ter um câncer de cabeça e pescoço.

Portanto, o objetivo da campanha, encapada também pela Equipe Surgery de Cirurgia Avançada é que as pessoas tenham atenção a quaisquer alterações que possam aparecer nessas áreas, como mudança de cor, surgimento de um caroço, linfonodos que apareçam no pescoço, dor na deglutição ou na mastigação. É um alerta também para os profissionais que trabalham com essas áreas e, também para o próprio indivíduo.

O médico Ruy Gomes Neto, cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Fundação do Câncer, explica mais sobre o assunto, confira:

O HPV também está ligado a esse tipo de câncer. Como podemos explicar essa relação?

Ruy Gomes: Como acontece no colo uterino, o HPV (vírus do Papiloma Humano) leva a mutações genéticas nas mucosas. Em estudos, vimos que o mesmo ocorre nos casos de câncer de orofaringe diagnosticados em pacientes com HPV. Por enquanto, essa associação é mais difundida nos EUA. No Brasil, ainda é difícil cruzar as estatísticas, pois não temos essa análise nas biópsias, mas sabemos que a doença, quando ligada ao HPV, é mais frequente em pacientes jovens, especialmente mulheres – apesar de ainda acometer mais os homens.

Atualmente, quais os tratamentos mais indicados para esse câncer?

Ruy Gomes: Depende da localização do tumor, mas há três pilares principais: cirúrgico, radioterapia e, em alguns casos, quimioterapia, métodos que também podem ser combinados.

Quais as chances de cura? E de reincidência?

Ruy Gomes: O diagnóstico precoce é o fator mais importante para a cura, informação que buscamos mostrar à população e aos profissionais de saúde durante o Julho Verde. Se identificado ainda no início, o câncer de cabeça e pescoço tem sobrevida superior a 80% e a possibilidade de reincidência é reduzida. Quando o diagnóstico é tardio, as chances de cura são bem menores e as sequelas, maiores.

Quais sintomas servem de sinal de alerta à população?
Ruy Gomes: Uma úlcera ou ferida que não cicatriza na boca, rouquidão persistente (2 a 3 semanas), dificuldade e dor ao engolir por mais de duas semanas, caroço no pescoço que não regride. Ao sinal de qualquer um deles, a orientação é procurar um médico o quanto antes.

Fonte: Hospital Fundação do Câncer