Os sintomas pouco específicos aliados à falta de informação da população e às dificuldades em realizar exames periódicos, são alguns dos fatores que fazem do câncer de cabeça e pescoço uma das doenças que costumam ser, em sua maioria, diagnosticadas tardiamente.
Por conta disso, no mês de julho a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) usa a cor verde para conscientizar sobre a doença. Em todo o país, orientados pela SBCCP, vários institutos de saúde farão ações para informar a população sobre o assunto. A proposta é utilizar a cor verde e a hashtag #julhoverde para os orientar sobre o tema e atingir o maior número possível de pessoas, com ações na internet, redes sociais e nas ruas.
Os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), esôfago, tireoide e seios paranasais.
Uma ferida na boca que não cicatriza, um sangramento sem motivo aparente, um corrimento nasal malcheiroso que não passa, rouquidão e nódulos no pescoço podem ser sinais de câncer de cabeça e pescoço e precisam ser investigados por um médico. O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura deste tipo de câncer.
Fumantes e pessoas que fazem uso frequente de bebidas alcoólicas também são alvo da doença. Porém é cada vez mais frequente o diagnóstico da doença em indivíduos jovens (menores que 45 anos), sem a exposição a estes fatores, com tumores originados pelo HPV. A infecção pelo papilomavírus (HPV) tem contribuído, nos últimos anos, com o aumento na incidência desta doença, segundo a SBCCP. “A infecção pelo HPV é um importante fator de desenvolvimento do câncer de faringe. Uma das formas de contágio por essa infecção é por meio da prática do sexo oral e em pessoas com múltiplos parceiros sexuais”, explica o cirurgião de cabeça e pescoço Dr. Fernando Walder, presidente da SBCCP.
São cerca de 41 mil novos casos anualmente, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Trabalhos brasileiros demonstram que cerca de 7% da população pode ter infecção pelo HPV detectada na boca. Pode parecer um percentual pequeno, mas em um contexto de 200 milhões de pessoas, o valor representa cerca de 14 milhões de indivíduos em risco de desenvolver a doença no Brasil.
De acordo com um dos cirurgiões oncológicos da Equipe Surgery Cirurgia Avançada, Roberto Heleno Lopes, assim como em outros tipos de câncer, exames preventivos periódicos e mudanças nos hábitos de vida são fundamentais para o diagnóstico precoce e o melhor tratamento de pacientes acometidos pela doença.
Por ser um câncer muito associado a fatores de risco ambientais, a prevenção é muito importante para diminuir sua incidência. Evitar o tabaco e o álcool é fundamental e, se prevenir contra doenças sexualmente transmissíveis fazendo uso da camisinha é uma medida importante. Cabe ressaltar, segundo Roberto Heleno, que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente a vacina contra o HPV para meninas e meninos. As doses são distribuídas em dois intervalos de seis meses entre elas.