Ainda sem causa comprovada, as doenças inflamatórias intestinais (DII) – como Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa, podem estar ligadas a fatores hereditários e imunológicos, podendo ser agravadas pelos hábitos de vida. Atingem ambos os sexos indistintamente e o diagnóstico acontece geralmente por volta da terceira década de vida.
As doenças inflamatórias intestinais acometem principalmente jovens, em plena atividade, limitando temporária ou definitivamente suas ocupações habituais, influenciando o comportamento na escola, no trabalho, no relacionamento social e familiar, na autoimagem e também na atividade sexual. “Elas não têm cura, porque estão relacionadas ao sistema imunológico e genético, mas o diagnóstico precoce e o tratamento podem permitir seu controle e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes, que podem até mesmo não ter mais sintoma algum,” explica o coloproctologista da Surgery de Cirurgia Avançada, João Batista Fraga.
Em muitos casos, as formas da doença podem ter manifestações extraintestinais, como problemas oculares, articulares, pele, vias biliares e fígado. Nestes últimos, muitas vezes há necessidade de transplantes do fígado. Na dependência das características dos sintomas, especialmente sangramento, podem ser confundidas com hemorroidas.
Doença de Crohn
A doença de Crohn pode se manifestar em qualquer parte do tubo digestivo (da boca ao ânus), sendo mais comum no final do intestino delgado e do grosso. Entre os sintomas principais estão diarreia, sangue nas fezes, anemia, dor no abdome, perda de peso e febre. Mais raramente há estomatites (inflamações na boca). Também pode atingir pele, articulações, olhos, fígado e vasos. A doença mescla crises agudas recorrentes, leves a graves, e períodos de ausência de sintomas.
O diagnóstico é feito por meio da colonoscopia com biópsia. Outros exames como radiografia do abdome, exame contrastado do intestino delgado, tomografia computadorizada, ressonância magnética, cápsula endoscópica e exames laboratoriais, na dependência dos sintomas, auxiliam na identificação das alterações típicas.
João Fraga esclarece ainda que é comum que os casos precisem de cirurgia, o que contribui, em muito, para o controle dos sintomas e das possíveis complicações, além de uma significativa melhora na condição de vida do paciente,” explica.
Retocolite ulcerativa
A Retocolite Ulcerativa inespecífica é um tipo de inflamação da mucosa do intestino grosso, que provoca diarreia crônica com sangue e anemia. O reto quase sempre está afetado, sendo às vezes o único segmento. Não há lesões no intestino delgado, o que constitui característica da doença, muitas vezes sendo o fator primordial para diferenciá-la da doença de Crohn. A inflamação pode vir a se tornar muito grave, com hemorragias em grande fluxo e perfuração intestinal, necessitando de cirurgias de urgência.
Pacientes com DII possuem maior risco de câncer colorretal em relação à população sem a doença. A colonoscopia é o melhor método para diagnosticar e tratar lesões potencialmente cancerosas relacionadas às DII.
O tratamento inclui medicamentos para controle da inflamação. Quando a doença não consegue ser controlada por meio de tratamento clínico ou apresenta determinadas complicações agudas ou crônicas, especialmente neoplasia, mesmo muito precoce, opta-se pela cirurgia. O coloproctologista saberá melhor orientar as opções terapêuticas e os intervalos de exames. Na dúvida, procure seu médico.