Diagnóstico precoce é a grande mudança’, diz especialista em câncer de mama

diagnostico precoce
Pesquisador em tecnologia de prevenção ao câncer, o médico Henrique Pasqualette afirma que a atual capacidade de diagnosticar precocemente o câncer de mama mudou radicalmente o tratamento e a expectativa de vida de mulheres que enfrentam a doença.
Fundador e diretor-médico do Cepem (Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher), ele fala sobre os exames mais avançados para detecção desse tipo de câncer e também sobre a mudança de visão sobre o autoexame.

 

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Quais são hoje os exames mais precisos para o diagnóstico de câncer de mama?
Além do exame de imagem, normalmente a mamografia, feita anualmente pelas mulheres, já há outros com os quais você aumenta a taxa de detecção em até 90% e ainda reduz em até 30% o índice de falsos positivos. É o caso da tomossíntese mamária, que permite uma melhor visualização das estruturas mamárias. Se, a partir disso, surge uma dúvida, é possível recorrer a métodos mais precisos, como a elastografia de mama, que mede a elasticidade do tumor através de um ultrassom. Um tumor benigno, por exemplo, é mais compressível. É uma tecnologia muito nova utilizada para diminuir ou aumentar o grau de suspeição.

Também recente, a angiomamografia é uma mamografia com contraste, muito utilizada em centros de ponta dos Estados Unidos, Alemanha e França. O resultado é muito semelhante ao da ressonância magnética, só que com custo mais baixo. Uma vez que a suspeição do câncer de mama continua, recorre-se à análise dos fragmentos do tumor. Nesse caso, a biópsia por tomossíntese mamária é mais precisa, mais rápida e dá mais conforto à paciente. Hoje existe ainda a mamotomia, com a qual você retira vários fragmentos do tumor apenas com uma agulha.

Como era ter a doença há 20 anos e como é hoje?
A principal mudança é a capacidade de diagnóstico precoce. Há 40 anos, as mulheres morriam. Eu me formei em 1979, era um tempo em que as mulheres passavam por uma mutilação enorme, depois ainda enfrentavam uma quimioterapia pesada. Hoje não é assim. Os ganhos tecnológicos propiciaram uma grande melhora na qualidade de vida de quem passa por isso e trouxeram redução no número de mortes.
No passado, havia uma forte campanha pelo autoexame. Ainda tem essa importância?
O autoexame é importante principalmente para o autoconhecimento. Mas com ele você encontra basicamente tumores com mais de um centímetro. É bom, claro, que você os encontre, mas ele não permite que você encontre algo menor do que isso ainda “impalpável”. Por esse motivo ele não é mais preconizado em campanhas de diagnóstico. O método que realmente vai ser efetivo no diagnóstico precoce envolve a mamografia ou a tomossíntese mamária, que devem ser feitas com regularidade.
Ainda fala-se pouco sobre câncer de mama em homens. Isso é preocupante?
A cada 100 casos em mulheres, há um em homem. Mas há um “grupo de alto risco”, com incidência maior de casos. São aqueles cujos parentes de primeiro grau, mãe, pai, irmão ou irmã, tiveram ou têm câncer de mama ou câncer de ovário precocemente, com menos de 40. Ou que tiveram outros tipos de câncer. Quando encontram um tumor na mama, normalmente é porque sentiram no toque. Nesses casos, o tumor está avançado e é mais difícil de tratar.

 

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