A doença que vitimou no dia 10 de novembro, a atriz e comediante Márcia Cabrita, que ficou famosa como a empregada Neide Aparecida, no programa Sai de Baixo, da Rede Globo, pode ser diagnosticada precocemente com a ajuda de um exame de sangue.
Ainda assim, as estatísticas, infelizmente, assustam: três em cada quatro casos de câncer de ovário são flagrados em fase avançada no Brasil. Entre as razões desse desfecho, que reduz as chances de sucesso do tratamento, estão a falta de sintomas claros da doença e a inexistência de um checkup específico para rastreá-la. Falamos de um tumor que deve atingir, segundo previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 6 mil brasileiras em 2017.
Pesquisa
Um estudo feito no Reino Unido mostrou que quase 90% dos casos de câncer de ovário pode sim contar com a ajuda do diagnóstico do exame de sangue. A pesquisa feita pela Universidade College London durou 14 anos e foi publicada na revista científica Journal of Clinical Oncology. Os primeiros resultados comprovam que os tumores ovarianos liberam no sangue altos níveis de uma substância química chamada CA125.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de ovário é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e o de menor chance de cura. Quando descobertos, aproximadamente três quartos já estão em estágio avançado. Em 2014, por exemplo, foram mais de 5,6 mil novos casos, com mais de três mil mortes, de acordo com o levantamento do Ministério da Saúde.
Os pesquisadores britânicos fizeram exames anuais de rastreio em cerca 46 mil mulheres com 50 anos ou mais de idade para detectar o nível do CA125. Em torno de 86% dos cânceres detectados nessas mulheres foram descobertos no início. A porcentagem é quase duas vezes maior do que a registrada em outros métodos de rastreio de câncer de ovário, segundo a pesquisa.
Ainda que haja muito trabalho pela frente nessa luta, a ciência tem colhido evidências de que algumas atitudes ajudam a diminuir a probabilidade de encarar o problema, assim como vem sinalizando avanços no diagnóstico e no tratamento da condição.
Cerca de 15% das pacientes com câncer de ovário agressivo apresentam uma mutação hereditária no gene BRCA. O teste para essa mutação, deve ser realizado sistematicamente nas portadoras da doença quando isso é viável técnica e financeiramente. Mas apenas metade das mulheres com câncer de ovário tem uma história familiar significativa.
Algumas medidas podem ser capazes de reduzir o risco de se desenvolver o tumor, como por exemplo, as pílulas anticoncepcionais contendo estrogênio e progesterona que protegem contra a doença. A máxima proteção é obtida após cinco anos de uso e permite uma redução de 50% no risco de câncer de ovário. Gravidez antes dos 30 anos também oferece uma ligeira defesa. O procedimento profilático de retirada dos ovários em mulheres com a mutação do gene BRCA também é altamente protetor.
Para o futuro, grandes esperanças são colocadas na imunoterapia [tratamento que ativa as próprias células de defesa para lidar com o tumor] e drogas capazes de reparar danos ao DNA das células e que poderiam estender o alcance dos inibidores de PARP.