A luz rosa de alerta para o câncer de mama costuma acender na vida das mulheres brasileiras a partir dos 40 anos, quando a mamografia passa a ser um exame de necessidade anual, segundo recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia. Há ainda quem comece a se preocupar somente aos 50, idade considerada de risco pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, a doença tem relação direta com o desenvolvimento da glândula mamária, que começa a crescer logo após a primeira menstruação, e por isso, pode aparecer antes mesmo dos 30 anos, segundo especialistas.
Quanto maior o tempo de exposição aos hormônios [estrógeno e progesterona], mais a mulher fica suscetível às células malignas. A incidência da doença em mulheres com menos de 30 anos tem aumentado, mas ainda não há um diagnóstico científico que explique este crescimento.
Nos casos de mulheres mais jovens, a investigação genética é imprescindível, porque geralmente elas têm histórico positivo para câncer de mama na família, é o que explicam especialistas. Em muitos casos, essas meninas jovens precisam ser pesquisadas, porque podem estar carregando mutações que podem ser repassadas para as filhas.
Entretanto é preciso destacar que o que câncer é multifatorial e, por isso, também pode ser influenciado por questões externas, como o consumo de produtos industrializados. O ritmo de vida estressante e acelerado e na exposição hormonal precoce. Antigamente, as meninas menstruavam aos 14 anos e hoje isso já acontece aos 9 anos. Então, a produção hormonal começa ter ciclos muito cedo. Acabou essa de que o câncer só é mais recorrente em mulheres acima dos 40 anos. Há cada vez mais pacientes abaixo dos 30.
É o caso da brasiliense Gabrielly de Oliveira, que descobriu o nódulo no seio aos 25 anos e passou por seis meses de quimioterapia. Ela tinha uma vida ativa, se alimentava bem e não tinha histórico de câncer de mama na família. Mesmo assim, foi surpreendida pela doença. Há cerca de dois meses, elas fez a mastectomia – cirurgia de retirada da glândula mamária.
Fique alerta
A avaliação precoce é considerada pelos médicos o principal fator de sucesso no tratamento contra o câncer – de qualquer tipo. Conhecer o próprio corpo também é primordial. A mulher precisa estar atenta a qualquer mudança no próprio corpo. Se saiu da normalidade, procure logo seu médico.
Nos casos de mulheres mais novas, o diagnóstico antecipado é ainda mais importante, porque o câncer tende a ser mais agressivo, afirmou o médico Márcio Paes. O prognóstico costuma ser pior abaixo dos 30. São nódulos maiores. A mulher jovem tem a vantagem de tolerar melhor o tratamento, mas tem que ter o cuidado mais rigoroso.
Foi o que ocorreu com Gaby, que buscou uma avaliação médica de imediato. No entanto, há mulheres que levam meses para investigar uma alteração fisiológica, como a atleta Larissa, de 42 anos. Ela fez a mamografia cerca de cinco meses depois de perceber os caroços no seio. Hoje, mastectomizada e recuperada, ela recomenda o oposto do que fez. “Talvez, se não tivesse demorado tanto, meu tratamento teria sido bem menos doloroso,” relata.
No Brasil e no mundo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres e também o mais letal, sendo a segunda principal causa de morte na América Latina. A nível mundial, entre todos os tipos de câncer, o de mama é o que mais mata mulheres na faixa dos 20 aos 59 anos. A doença também atinge homens, mas a incidência representa 1% do total. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou 57.960 novos casos de câncer de mama no Brasil em 2017. Somente no DF, a previsão é de 1.020 novos casos.
Mamografia
Apesar do aumento das taxas de câncer de mama em mulheres mais jovens, ainda assim, a faixa etária entre 40 e 50 anos representa 74% do casos. Por isso, a Sociedade Brasília de Mastologia recomenda a realização da mamografia anualmente a partir dos 40.
Já a indicação do Ministério da Saúde é que o exame seja feito a cada dois anos pelas mulheres com 50 anos ou mais – grupo considerado prioritário. De acordo com o ministério, no ano passado foram realizadas 4,1 milhões de mamografias em toda a rede pública do país. Somente na faixa prioritária, foram 2,5 milhões de exames.
Como identificar o nódulo?
De acordo com os médicos, o nódulo cancerígeno que pode aparecer no seio costuma ter formato de “bolinha de gude”, é endurecido e nem sempre dói. Para perceber qualquer alteração fisiológica é preciso que a mulher saiba como o próprio corpo funciona em condições normais.
“Qualquer mudança no formato, se aparecer caroço, dor, mancha, procure um médico. Se for insistente, não desaparecer, isso é um sinal de alerta”, alertam os especialistas. Além do nódulo, o câncer pode aparecer com outros sintomas, como lesões e feridas que não cicatrizam, caroços na axila e secreções escuras.
Prevenção
A observação do próprio corpo e o acompanhamento ginecológico de rotina são imprescindíveis para a identificação de um possível câncer de mama. Para evitar que ele apareça, o médico recomenda uma vida saudável, mas destaca que é impossível garantir imunidade.
Alimentar-se de forma balanceada, consumir preferencialmente produtos orgânicos – livres de agrotóxicos – fugir da obesidade e praticar exercícios podem ajudar a afastar o câncer de mama e outros tipos de doença.
O fator genético representa 10% de chance do desenvolvimento da doença, mas não é determinante. A atividade física também ajuda o câncer a não voltar, porque os radicais livres protegem o organismo contra células invasoras.
Fonte: www.g1.globo.com